Integrantes da comissão técnica da Seleção Brasileira e representantes da organização FARE Network se reuniram na manhã desta segunda feira (25) para realizar alinhamentos operacionais e de segurança, com o objetivo de antecipar-se a eventuais atos racistas na partida entre Brasil e Espanha, marcada para esta terça-feira no estádio Santiago Bernabeu, na capital espanhola.
A FARE, abreviatura em inglês que significa “Futebol Contra o Racismo na Europa”, é uma rede de entidades que atua há mais de 20 anos no combate ao racismo no velho continente. A organização está presente em mais de 40 países, sendo responsável pelo monitoramento de casos de discriminação nas principais ligas europeias e nas competições da UEFA e da FIFA.
A relação com a FARE foi estabelecida em 2023 quando, em reconhecimento às ações de combate ao racismo promovidas pela gestão de Ednaldo Rodrigues, a CBF foi convidada para participar da Conferência Igualdade e Inclusão, organizada pela entidade na cidade de Lisboa, Portugal.
No encontro desta manhã, realizado por videoconferência, o Diretor Executivo da FARE, Piara Powar, apresentou a análise de risco da partida e um relatório sobre os ataques racistas cometidos contra Vinicius Junior nas últimas duas temporadas na Espanha, orientando os profissionais da Seleção sobre os grupos envolvidos nos atos e os principais cânticos, códigos e símbolos utilizados.
“É pouco provável que torcedores da seleção espanhola se envolvam em comportamentos discriminatórios dentro do estádio, já que o público do evento será composto majoritariamente por famílias e também por ser no estádio do Real Madrid, clube do Vinícius Jr, onde ele tem muitos fãs. Vini Jr tem sido alvo, principalmente, de torcedores de clubes rivais do Real Madrid”, afirmou Piara.
Na sequência da reunião, ele demonstrou incredulidade quanto à visão de uma parte dos dirigentes e da imprensa espanhola: “Vinicius é visto por muitas pessoas da Espanha, inclusive por uma parte dos dirigentes e da imprensa, como um provocador de problemas. Inacreditavelmente, temos visto editoriais que o condenam por seu estilo de jogo e pela forma como enfrenta a questão do racismo. Essas pessoas pensam que ele chama o problema para si, que se Vini fosse menos agressivo ou tivesse uma postura mais passiva os ataques deixariam de acontecer. Nós não compactuamos com isso, pois fere nossos valores fundamentais e o ambiente que trabalhamos para construir no futebol”