A CBF parabeniza neste domingo (7) o Vasco pelo centenário da “Resposta Histórica”, documento assinado por José Augusto Prestes, então presidente do clube, que abria mão de participar do Campeonato Carioca de 2014.
Na carta, o dirigente do Vasco rejeitava a exclusão de 12 jogadores negros e de origem e condições humildes da sua equipe para que pudesse disputar o campeonato (que seria hoje o estadual) do Rio de 1924, como exigia a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).
“Parabenizo o Vasco pelo centenário da “Resposta Histórica”, data que está na história do futebol brasileiro e do nosso país. Essa carta foi um ato sem precedente de coragem do Vasco. Além de um marco na luta contra o racismo, o documento foi um passo decisivo pela inclusão de todos os brasileiros ao futebol”, afirmou presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o primeiro negro e nordestino a comandar a entidade, fundada há mais de um século.
Desde sua eleição, em 2022, Ednaldo Rodrigues luta combate ao racismo no futebol. A CBF é a única entidade nacional a implementar a punição desportiva por atos racistas no Regulamento Geral de Competições (RGC). A entidade também tem parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol.
Ao tomar posse no Conselho da Fifa no ano passado, Ednaldo Rodrigues anunciou que faria do combate ao racismo uma de suas missões no principal órgão executivo do futebol mundial.
SAIBA MAIS SOBRE A ”RESPOSTA HISTÓRICA”
O Vasco da Gama é o único dos 4 clubes do Rio de Janeiro com maior torcida, a nascer em zonas populares.
Em 1923, o clube de São Januário conquistou seu primeiro Campeonato Carioca surpreendendo os adversários. A lendária equipe dos Camisas Negras era formada em sua maioria por negros, operários e brancos de baixa condição social. Era a primeira vez que um time com jogadores das camadas populares conquistava o então principal torneio de futebol do Brasil.
Os clubes das elites reagiram e fundaram uma nova liga, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos – AMEA. Para que o Vasco pudesse se filiar a nova entidade, exigiram que o clube excluísse da sua equipe 12 jogadores, justamente os negros e brancos de baixa condição social, que eram considerados sem “condições morais” para participar do certame.
Após saber da decisão da AMEA – Associação Metropolitana de Esportes Athleticos, no dia 7 de abril de 1924, o Vasco da Gama respondeu a federação na carta que ficaria conhecida como Resposta Histórica.
Nela, José Augusto Prestes, então presidente do clube, explica que o clube não iria desfiliar seus doze atletas negros, operários e analfabetos. A desfiliação foi a condição estabelecida pela associação para a filiação e subsequente participação do Vasco nos campeonatos organizados pela AMEA.
O Vasco diz não ao preconceito, se recusa a expulsar os jovens de seu quadro de atletas e assim se retira do campeonato de 1924.