O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou nesta sexta-feira (28) a intenção de construir um novo Bumbódromo, palco das apresentações do Festival de Parintins. O plano, segundo ele, é licitar a obra no ano que vem e iniciá-la em janeiro de 2026. A estimativa é de que a construção leve dois anos.
O atual Bumbódromo, inaugurado em 1988, tem capacidade 16,5 mil pessoas. Um vídeo institucional divulgado para anunciar o projeto indica que a nova estrutura poderá receber 26 mil pessoas e terá uma área de fun fest no entorno. Também deverá ter uma moderna estrutura para iluminação.
De acordo com o vídeo, haverá uma nova identidade visual. “Inspirada na técnica milenar dos trançados da cestaria indígena, a arena terá um formato de um grande cesto”, diz o locutor. O novo Bumbódromo deverá ser erguido no mesmo local do atual, sem prejudicar o festival enquanto as obras estiverem ocorrendo.
Boi Garantido e o Boi Caprichoso
O anúncio ocorreu antes do início da 57ª edição do Festival de Parintins. As apresentações dos dois protagonistas – o Boi Garantido e o Boi Caprichoso – começaram na noite desta sexta-feira (28). Elas se repetem neste sábado (29) e no domingo (30). Considerado patrimônio cultural do país pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o evento está ligado à tradição cultural do Boi-Bumbá, que cresceu pela Amazônia e contou com influências do Bumba Meu Boi, do Maranhão.
A manifestação popular narra uma lenda: grávida, Catirina revela ao seu marido Francisco o desejo de comer língua de boi. Para atendê-la, ele sacrifica um animal do seu patrão. O boi, no entanto, é ressuscitado com a ajuda de curandeiros. Ganhando características particulares ao longo do tempo, o Festival de Parintins se converteu em uma manifestação multiartística, que engloba música, dança e artes cênicas no coração da Floresta Amazônica.
Movimentação
A expectativa do governo amazonense é de que sejam movimentados R$ 150 milhões. A prefeitura de Parintins espera ao todo 120 mil visitantes. Isso significa que, nesses dias, o número de pessoas na cidade mais que dobra. Segundo o Censo Demográfico 2022, Parintins tem 96,3 mil habitantes o que faz dela o quarto município mais populoso do Amazonas.
A cidade, que também é conhecida como Ilha Tupinambarana ou Ilha da Magia, fica no extremo leste do estado, na divisa com o Pará. Distante 369 quilômetros em linha reta de Manaus, o acesso só é possível por barco ou avião.
O evento, no entanto, contagia todo o estado. No Largo de São Sebastião, no centro histórico de Manaus, um telão foi instalado para transmitir as apresentações. Na noite deste sexta (28), centenas de pessoas se reuniram para acompanhar o primeiro dia. Boa parte delas vestidas de azul ou vermelho para manifestar a sua torcida.
História
A história do festival remonta ao início do século passado, quando foram criados o Boi Garantido e o Boi Caprichoso e duelos informais passaram ocorrer nas ruas todos os anos. Foi somente em 1965 que um grupo ligado à Igreja Católica organizou um evento, com o objetivo de arrecadar fundos para a construção da Catedral Nossa Senhora do Carmo, padroeira do município. Com o sucesso, a festa se firmou no calendário anual da cidade.
O Boi Garantido, que se destaca pela cor vermelha, é o maior vencedor e possui 32 títulos. Já o Boi Caprichoso, marcado pelo cor azul, venceu 24 vezes e busca o tricampeonato, uma vez que foi o campeão de 2022 e de 2023. Houve ainda em empate, no ano de 2000.
A ordem das apresentações, que podem durar até 2 horas e 30 minutos, é definida por sorteio. Nos dois primeiros dias, o Boi Caprichoso entra no Bumbódromo antes do rival. No domingo, será a vez do Boi Garantido abrir as apresentações. O festival se inicia sempre às 20h no horário local (21h de Brasília) e termina por volta de 2h30 da madrugada.
Os três dias de apresentações são avaliados por 10 jurados, que precisam observar 21 quesitos. A apuração ocorrerá na segunda-feira (1°). A festa pode ser acompanha pela internet, através da transmissão pelo canal do jornal A Crítica na plataforma Youtube.
* Equipe viajou a convite da Petrobras, uma das patrocinadoras do Festival de Parintins
Edição: Maria Claudia