A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) recebeu nesta quarta-feira (24) a visita de representantes dos diversos partidos que compõem o Parlamento finlandês. O encontro teve o objetivo de promover o intercâmbio e as relações bilaterais legislativas e diplomáticas entre Brasil e Finlândia, bem como fomentar o compartilhamento de experiências em agricultura, silvicultura e outras áreas afins.
Presidente da CRA, o senador Alan Rick (União-AC), destacou que o encontro representou uma grande oportunidade de fortalecimento da diplomacia parlamentar e dos laços entre Brasil e Finlândia.
— A Finlândia é o trigésimo maior investidor direto no Brasil, com o volume de recursos anuais de aproximadamente 1,3 bilhão de dólares. O pais europeu tem empesa atuantes no Brasil nos setores de telecomunicações, florestal, mineração, energia e produtos químicos. O Brasil, por sua vez, é o maior parceiro comercial da Finlândia na América Latina. No fluxo comercial, a Finlândia é a grande beneficiária, uma vez que importou do Brasil, em 2023, o montante de 578 milhões de euros e, no mesmo ano, exportou 821 milhões de euros, ou seja, teve superávit na balança comercial com o Brasil – informou Rick.
O parlamentar destacou ainda que as preocupações da Finlândia com a sustentabilidade climática e a transição energética são bastante acentuadas. Neste contexto, foi o país que adotou a meta de neutralidade de carbono mais ambiciosa da União Europeia no ano de 2035. Ao destacar que a bioeconomia vem crescendo a taxas elevadas naquele país, Alan Rick ressaltou que a cooperação em ciência, tecnologia e inovação é um dos principais eixos das relações bilaterais entre o Brasil e a Finlândia e defendeu a ampliação dessa parceria, citando a atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Vice-presidente da CRA, o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) destacou que o Brasil enfrenta dificuldades na produção agrícola, embora o país detenha a maior reserva de mata nativa do planeta, e praticamente 65% de vegetação intacta:
— Nós temos muitas ONGs [organizações não governamentais] que prejudicam o setor produtivo no Brasil. Quanto à questão dos fertilizantes, consumimos 8% dos fertilizantes consumidos no mundo, principalmente potássio. Agora é que nós estamos conseguindo na Amazônia, com grande dificuldade, a nossa primeira jazida de potássio grande que está sendo liberada para que a gente possa fazer exploração de potássio, porque nós somos reféns, nós importamos 95 por cento do potássio, nós importamos ou da Rússia ou do Canadá ou dos países do Golfo. Também estamos trabalhando muito para fazer adubos orgânicos, até eu tenho projetos sobre isso.
A visita dos parlamentares finlandeses foi acompanhada pela embaixadora da Finlândia no Brasil, Johanna Karanko. Em sua fala, ela destacou que a troca entre Brasil e Finlândia tem uma base histórica na agricultura, principalmente o café. Na questão dos fertilizantes, a Finlândia é o maior exportador e importa minerais e diversos produtos agrícolas do Brasil. O país vai organizar um fórum de economia circular em São Paulo em maio e pretende desenvolver algumas iniciativas na área de silvicultura – ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar o povoamento nas florestas para atender às exigências do mercado.
O senador Jorge Seif (PL-SC) agradeceu a visita dos parlamentares finlandeses e disse que o brasil é um pais competitivo e um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Ele registrou que as diferentes localizações geográficas do Brasil e Finlândia levam esses dois países a desenvolver culturas e técnicas distintas em relação a produção agropecuária. O Brasil destaca-se na produção de soja, celulose, carne bovina e de frango, milho e café, enquanto a Finlândia, país também agrícola mais ao norte do globo, possui importante produção de cereais, madeira, papéis e leite.
— Apesar das diferenças produtivas, em grande medida elas se refletem no peso da agropecuária na pauta exportadora desses dois países. Brasil e Finlândia possuem muitas semelhanças e desafios em comum, o que representa importante oportunidade para o aprofundamento do diálogo e da cooperação bilateral no âmbito do setor agropecuário – explicou Seif.
O senador Sérgio Moro (União-PR) disse que Brasil e Finlândia são democracias e que o aumento do comércio é a melhor maneira de melhorar as relações entre as democracias ocidentais.
Presidente da Frente Parlamentar Brasil-Finlândia, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) acentuou que o Brasil “é o pais número um em termos de agroecologia e o melhor país do mundo na produção agrícola, com ótimo solo, ótimo clima e ótima tecnologia”. Disse ainda que a produção agrícola é uma das mais democráticas para gerar riquezas. “Tanto os grandes fazendeiros quanto os pequenos produtores rurais têm as mesmas tecnologias, as mesmas sementes, trabalham em condições de igualdade, de forma bem democrática”.